Alfabeto Fonético

Por Camilla Delouya – Grupo de Leitura e Escrita

Balança as nádegas brancas e vai, bambi e desengonçado, em direção à mãe.
Embaixo dela, dando cabeçadas, bebe e baba o leite. Batizou-se naquele momento; os homens que assistiram a cena deixaram de chamá-lo de bezerro: seu nome agora era Bendito Babão.

Bendito Babão tinha como hobby bater o rabo para espantar as moscas que rodeavam ele e sua mãe, beber bastante água, comer muito capim e deitar de bruços, na sombra ou no sol. Não tinha grandes pretensões ou obrigações, e debatia consigo mesmo o porquê dos homens de bota separarem sua mãe quatro vezes ao dia para encher garrafas de barro.
Após três anos de vida pacata, sendo apartado da mãe em horários específicos, os homens de bota levaram Bendito Babão. Foi a primeira vez que o mudaram de campo, colocando-o com os outros ex-bezerros-novos-bois. Percebeu, no raiar do quinto dia, que não voltaria para mãe, para as moscas, para a água, para o capim, para a sombra e para o sol. Seria batizado de novo. Entrando no curral abafado, percebeu sua mais nova passagem: de bezerro pra boi, de leite para carne. Soltou um “bééé” abafado.

 

Imagem: momagraf/monicamartins.

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